Difference between revisions of "Energy Access Stakeholder Workshop em Maputo"
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− | + | Energypedia em conjunto com o nosso parceiro, AMER organizou um evento presencial para o sector de acesso à energia em Moçambique. Este evento visava reunir o sector da energia fora da rede para discutir questões e oportunidades chave. Este evento foi impulsionado pela comunidade, ou seja, foi realizado um pré-evento para reunir a comunidade numa reunião on-line realizada a 1 de Novembro de 2022, onde tiveram a possibilidade de partilhar as suas opiniões sobre as necessidades do sector e propor os tópicos a serem discutidos durante o evento presencial. | |
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− | + | O Workshop dos Intervenientes no Acesso à Energia, realizado a 8 de Novembro de 2022, teve no total 27 representantes do sector privado (tanto de tecnologias solares como de cozinha limpa), que foram divididos em três grupos de trabalho para discutir a '''utilização produtiva da energia, os mecanismos financeiros dos utilizadores finais, e as estratégias para chegar aos consumidores de última milha'''. Estes tópicos foram seleccionados com base nos resultados do inquérito de seminários realizados pela Energypedia e as perguntas orientadoras foram revistas pelos participantes durante a reunião em linha no dia 1 de Novembro. [[File:Moz event.jpg|thumb|500x500px|Energy Access Stakeholder Workshop em Maputo|alt=|none]] | |
− | + | ===Stakeholder Workshop=== | |
+ | O Stakeholer Workshop começou com comentários bem-vindos de Energypedia, AMER e GBE. Seguiu-se uma breve apresentação da energypedia sobre o actual panorama do mercado para os sectores solar e da cozinha limpa. O objectivo da apresentação era fornecer informação actualizada e uma compreensão comum dos dois sectores, uma vez que tínhamos uma audiência de ambos. A Energypedia também mostrou o Centro de Conhecimento Fora da Rede de Moçambique ([[Mozambique Off-grid Knowledge Hub]]) e como os participantes podiam contribuir para o centro. Foram partilhados exemplos de estudos de casos de diferentes empresas para encorajar outras empresas a partilharem os seus e a juntarem-se ao centro. Durante a segunda parte do workshop, a audiência foi dividida em três grupos de trabalho para discutir os três tópicos. No final das mesas redondas, o representante de cada mesa redonda apresentou os resultados a toda a audiência. | ||
+ | [[File:Energypedia.jpg|thumb|500x500px|Apresentação do Mozambique Off-grid Knowledge Hub pela Energypedia|alt=|none]] | ||
− | + | Este artigo apresenta um resumo dos tópicos discutidos em cada mesa redonda. | |
− | + | ===='''Mesa Redonda 1: Utilização Produtiva de Energia (UPE) Em Moçambique'''==== | |
+ | [[File:Round Table 1.jpg|thumb|500x500px|Mesa Redonda 1: Discussão sobre o uso produtivo da energia]] | ||
+ | '''Moderação''': | ||
− | + | Ruben Morgado | |
− | + | '''Discussão:''' | |
− | + | Abuchamo Dário Maputo – Get.Invest (Finaciador) | |
− | + | Samson Jangai – Sun Power (Fornecedor e Instalador) | |
− | + | Edvânia Ana Paulino D'Uamba – Logos Industrias (Fornecedor e Instalador) | |
− | + | Leusio Maungue – GIZ (Financiador) | |
− | + | João Paulo Zimba – Burn (Produtor de fogão Melhorado) | |
+ | Charle Wilkinson – Arc Power (projectista e implementador) | ||
− | + | Joaquim Magalhaes – Arc Power (projectista e implementador) | |
− | + | Cedrick Lemarie – Epilson Solar (Desenvolvedor) | |
− | + | Miguel Sottomayor – Membro de Regressão da AMER e consultor em Electrificação Rural | |
− | + | Ana Dionência Munguambe – Energypedia | |
− | + | No início da discussão do painel, o moderador fez uma breve introdução à definição de utilização produtiva de energia (UPE). UPE é hoje um conceito envolvido no mundo do processo energético, por líderes da indústria, financiadores e organizações da sociedade civil e muitos outros. Mas qual é o verdadeiro significado de UPE? Infelizmente, não existe uma definição clara da indústria do que é produtivo e do que não é produtivo. | |
− | + | [[Productive Use of Electricity|A definição convencional de UPE]] pressupõe que não existem tecnologias adequadas para o uso doméstico, comunitário, de saúde, educação ou de consumo. Em suma, UPE é uma tecnologia utilizada na agricultura, indústria e comércio para gerar rendimento, bens e serviços. Mas, se a geração de rendimentos é um objectivo primordial de UPE, os novos dados emergentes no sector sugerem que muitas outras tecnologias devem ser qualificadas. | |
− | + | A iluminação, que podemos simplesmente definir como o acesso à electricidade pode ser utilizada na geração de rendimentos. Dados actuais que apoiam esta hipótese, tais como o recém reformatório de 2018, Paul in Opportunity da Gugla, afirma que o acesso à electricidade já permitiu um aumento de rendimento entre 35 USD por mês, um aumento de rendimento para um terço dos seus clientes dos SHS (Solar Home Systems/Sistemas Solares Domésticos/). Nesse sentido, será uma lâmpada que permite que uma barraca fique aberta durante um longo período de tempo, considerada uma utilização produtiva de energia? E o ventilador que é utilizado para proporcionar conforto nessa barraca é também uma utilização produtiva de energia? E que tal um fogão melhorado? E que tal um forno? Estas foram as questões colocadas aos participantes da Mesa Redonda 1 pelo moderador, com a intenção de chegar a uma definição para UPE. | |
− | + | Um comentário inicial foi que devemos conhecer o limite entre auto-consumo (consumo próprio) e UPE, só então poderemos definir correctamente o que é. Devemos ter em mente que UPE tem a finalidade de gerar rendimento/lucro, e o auto-consumo não. Por exemplo: uma lâmpada acesa numa casa de família seria considerada auto-consumo, mas uma lâmpada numa barraca, gera rendimento, portanto é UPE. Sob este argumento, qualquer forma de energia que seja utilizada para gerar rendimento seria considerada UPE. | |
− | + | Houve também o argumento contrário de que não se deve separar UPE do auto-consumo, uma vez que ambos os conceitos acabam por fluir para o mesmo objectivo. Este argumento levantou as seguintes questões: é possível determinar a categoria ou potência mínima para que um sistema seja considerado UPE? Será que um único consumidor que utiliza um sistema FV (Fotovoltaico) a nível industrial seria considerado UPE ou autoconsumo? | |
− | + | Outros comentários seguintes foram: | |
− | + | *UPE é o processo de produção, geração de rendimentos, benefícios e geração de emprego. | |
+ | *O termo UPE surge da utilização da energia solar, com o objectivo de acabar com a pobreza e vem a assumir a parte da sustentabilidade. | ||
+ | *UPE serve para distribuir riqueza e que é um termo que beneficia as pessoas directa ou indirectamente. | ||
− | + | Os participantes foram da opinião que ao falar-se do UPE deve considerar-se o seguinte: | |
− | O | + | *há necessidade de abordar a questão do licenciamento no UPE, |
+ | *O UPE está relacionado com o aumento da produção de energia, | ||
+ | *O UPE ajuda a criar um desenvolvimento gradual que pode satisfazer as necessidades dos clientes, | ||
+ | *O UPE está relacionado com o seguimento de uma cadeia de valor, | ||
+ | *há necessidade de conceber o acesso ao uso produtivo | ||
+ | *há necessidade de convencer o governo a promover a utilização produtiva da energia, | ||
+ | *há necessidade de ver a escala de utilização da energia. | ||
− | + | A discussão terminou com uma apresentação dos pontos mais importantes aos restantes participantes do seminário. | |
− | + | *O que lhe vem à mente quando se ouve "Utilização produtiva de energia"? | |
− | + | *Auto-consumo | |
+ | *Escala de benefícios de indivíduo para grupo | ||
+ | *Geração de dinheiro | ||
+ | * Perfil do utilizador e produção | ||
+ | *Criação de empregos | ||
+ | *Cadeia de valor | ||
+ | *Distribuição da riqueza | ||
+ | *Hoje vs amanhã | ||
+ | *Produção vs Consumo | ||
+ | '''Benefícios do UPE:''' | ||
− | + | *Desenvolvimento comunitário | |
+ | *Mais oportunidades para as empresas e o emprego | ||
+ | *Igualdade financeira - igual retorno financeiro para a comunidade | ||
− | + | '''Desafios''': | |
− | + | *Dependência dos subsídios para o financiamento | |
+ | *A capacidade limitada leva a um lento retorno do investimento | ||
+ | *Distinção tecnológica - diferentes definições para "uso produtivo". | ||
+ | *Falta de conhecimento / capacitação nas seguintes áreas: | ||
+ | ** Técnica | ||
+ | **Empreendedorismo | ||
+ | **Partilha de informação sobre quais as tecnologias actualmente existentes | ||
+ | **Divulgação de oportunidades no terreno | ||
+ | *Garantia de qualidade técnica baixa | ||
+ | * É necessário um quadro regulamentar mais específico | ||
− | + | '''Recomendações voltadas para AMER como associação no sector de energia renovável em Moçambique:''' | |
+ | |||
+ | * Promover o conhecimento e o desenvolvimento de capacidades do UPE | ||
+ | *Investir em infra-estruturas que favoreçam a utilização produtiva de energia | ||
+ | *Fomentar de parcerias público-privadas | ||
+ | *Promoção do PPP em vez do UPE para beneficiar as comunidades, definindo o que é UPE num contexto nacional. | ||
+ | |||
+ | ===='''Mesa Redonda 2: Mecanismos de financiamento do utilizador final'''==== | ||
+ | [[File:Roundtable 2.jpg|thumb|500x500px|Mesa Redonda 2: Apresentação dos resultados da discussão sobre os mecanismos de financiamento dos utilizadores finais|alt=]] | ||
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+ | '''Moderação:''' | ||
− | + | Erik Laborda | |
− | + | '''Discussão:''' | |
− | ''' | + | Taira Otédia Pene - FDC |
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+ | Armando Mate - Platina | ||
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+ | Luzerio Tivone - Syrex Sistemas | ||
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+ | Micas Noa Cumbana - Mozcarbon | ||
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+ | Israel Pernambuco - Agricoa COOP | ||
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+ | Wambene Cavele - Solarworks! | ||
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+ | Tevine Gregorio Eugenio - energypedia | ||
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+ | '''<br />Quais são os produtos e serviços vendidos pelas empresas na mesa redonda?''' | ||
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+ | #Sistemas Solares Domésticos | ||
+ | #Sistema solar para irrigação e para uso produtivo em geral, | ||
+ | #Fogões de cozinha melhorados (carvão e lenha) | ||
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+ | '''Quais são as opções de noivo oferecidas pela sua empresa?''' | ||
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+ | #PAYGO - o cliente paga como pode, se se atrasar, a duração do seu contrato é prolongada | ||
+ | #pagamentos em atraso - pagamentos em atraso. Este sistema de pagamento é adequado para clientes com maior capacidade de pagamento no segmento high end. | ||
+ | #Sem desconexões - Pagamentos híbridos com várias opções, tais como: financiamento através de bancos/micro-financiamento, pagamento móvel | ||
+ | #serviços de tarifa fixa pagos em dinheiro a um preço subsidiado - presentes em empresas de cozinhas | ||
+ | #Oferecer incentivos financeiros aos clientes: | ||
+ | #*RBF | ||
+ | #*Créditos de carbono | ||
+ | #Prestações mensais | ||
+ | #Outros incentivos, tais como subsídios a empresas que distribuem equipamento de utilização produtiva aos utilizadores finais | ||
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+ | (ENGIE-PAYGO, ARREARS (segmento High end); PLATINA Tend- prestações fixas, financiamento através de bancos e microfinanças; AGRECOA-Cash- descontos directos, Subvenção de doadores tais como FAZER; MOZCARBON- prestações mensais, 3 em zonas urbanas e 6-12 em zonas rurais, Crédito de Carbono, adiantam dois incentivos ao cliente (RBF e Créditos de Carbono); FUNDAÇÃO PRÁTICA-Subvenção a empresas que distribuem bombeamento solar ao utilizador final. (ajuda directa, parcela, RBF, CovidPlus, dinheiro)) | ||
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+ | '''Quais são os desafios que as empresas enfrentam relativamente às opções de financiamento?''' | ||
+ | |||
+ | *O pagamento por defeito | ||
+ | *Gestão da carteira de clientes | ||
+ | *Gestão de créditos para clientes PAYGO | ||
+ | *Custos de transacção e infra-estruturas a serem cobertos pela empresa | ||
+ | *Os clientes não podem suportar custos elevados de sistemas de utilização produtiva. - O apoio necessário dos bancos para oferecer financiamento e um modelo de negócio claro. Os doadores devem cobrir essas despesas com os bancos | ||
+ | *Lutar para gerir os empréstimos. Demasiados empréstimos são oferecidos a clientes PAYGO que não podem pagar. | ||
+ | * Grande dependência dos incentivos dos doadores | ||
+ | *Vandalismo e roubo de equipamento | ||
+ | * Desvio interno de dinheiro (agentes de campo) | ||
+ | *Falta de conhecimentos sobre os métodos de pagamento por parte dos clientes | ||
+ | *Baixa cobertura de sinal - falta de acesso ao dinheiro móvel. | ||
+ | *Desadequação entre o preço do produto e a capacidade de pagamento dos clientes | ||
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+ | '''Recomendações''' | ||
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+ | #Planos de pagamento únicos para todos os clientes PAYGO | ||
+ | #Melhorar a gestão interna da empresa | ||
+ | #Desenvolvimento de capacidades dos agentes | ||
+ | #Cooperação com Mpesa, E-mola ou outras entidades de dinheiro móvel | ||
+ | #Melhor educação para os clientes | ||
+ | #*pagamentos | ||
+ | #*contratos | ||
+ | #*produto | ||
+ | #*tecnologia | ||
+ | #Os sistemas de utilização produtiva têm preços mais elevados para os clientes. Sugere-se que os doadores se envolvam com bancos e instituições de microcrédito para cobrir custos elevados para os clientes | ||
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+ | '''O que seria uma opção de financiamento ideal?''' | ||
− | + | Devido à falta de capacidade do cliente para pagar os produtos, e também aos riscos que as empresas correm ao tentarem vender os seus produtos, é opinião mútua que o banco deveria estar envolvido como uma espécie de Seguradora, e então, claro, a opção de financiamento ideal seria aquela em que os Doadores, o Banco e as Empresas estão envolvidos, porque trabalhar a 3 ganha mais. E para certos casos particulares, como para a PLATINA Ltd, a Microfinança também seria uma opção. | |
− | + | ===='''Mesa Redonda 3: Abordagens para chegar aos utilizadores finais'''==== | |
+ | [[File:Roundtable3.jpg|thumb|500x500px|Mesa Redonda 3: Apresentação dos resultados da discussão sobre estratégias para chegar aos utilizadores finais|alt=]] | ||
+ | '''Moderação:''' | ||
− | + | Xan García | |
− | + | '''Discussão''': | |
− | + | Florencia Saide - Sogepal | |
− | + | Aime Sozinho – Sun Power Engineering | |
− | + | Aldina Sindique – Carbonsink | |
+ | Gervasio Mavengue – GIZ | ||
− | + | Jeppe Lorenzen – Blue Zone | |
− | + | Sofia Nazareth – Ignite | |
− | + | Sheila Bila – AMER | |
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− | + | Azeite Chaleca – Engie Energy Access | |
− | + | Stela Miambo – energypedia | |
− | + | Charles Nhalungo – energypedia | |
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− | + | '''Estratégias de venda:''' | |
− | + | *Força de vendas comissionada (vendedores e promotores) | |
+ | *Vendas fora de loja através de redes de distribuição internas (Ignite/Sogepal) | ||
+ | *Linhas de clientes em cidades e zonas rurais | ||
+ | *Cooperação com as autoridades locais para promover os produtos | ||
+ | *Página Web e meios de comunicação social para pesquisa de projectos | ||
+ | *Grossistas: consignação/comissão | ||
− | + | '''Marketing:''' | |
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− | + | *Vendedores porta-a-porta | |
+ | *As exposições itinerantes não são muito comuns, devido aos custos elevados | ||
+ | *Rádio comunitária / rádio nacional | ||
+ | *Gestão de uma linha de clientes (clientes existentes) | ||
+ | *Manifestações em comunidades (Carbonsink) | ||
+ | *Participação em feiras comerciais | ||
+ | *Rede social/ Meios de comunicação social (Sunpower) | ||
− | + | '''Pós-venda:''' | |
− | + | *Warrantees - assistência técnica | |
+ | * Call-centers - descentralizados (Ignite) | ||
+ | *E-waste (Ignite exporta sistemas danificados) | ||
− | + | '''Desafios e oportunidades de melhoria:''' | |
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− | + | * Distribuidores: consignação/comissão em alto risco, despesas elevadas | |
+ | *Reposição: as revendas não são subsidiadas - é necessário o apoio de organizações | ||
+ | *Manter o contacto com os clientes | ||
+ | *Lidar com o e-waste | ||
+ | *Roubo | ||
+ | *Formas de pagamento | ||
+ | *Perfis de clientes | ||
− | + | [[Category:Mozambique]] | |
− | + | [[Category:Electricity]] | |
− | + | [[Category:Energy Access]] | |
− | + | [[Category:Portuguese]] | |
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Latest revision as of 14:54, 30 January 2023
Contexto
Energypedia em conjunto com o nosso parceiro, AMER organizou um evento presencial para o sector de acesso à energia em Moçambique. Este evento visava reunir o sector da energia fora da rede para discutir questões e oportunidades chave. Este evento foi impulsionado pela comunidade, ou seja, foi realizado um pré-evento para reunir a comunidade numa reunião on-line realizada a 1 de Novembro de 2022, onde tiveram a possibilidade de partilhar as suas opiniões sobre as necessidades do sector e propor os tópicos a serem discutidos durante o evento presencial.
O Workshop dos Intervenientes no Acesso à Energia, realizado a 8 de Novembro de 2022, teve no total 27 representantes do sector privado (tanto de tecnologias solares como de cozinha limpa), que foram divididos em três grupos de trabalho para discutir a utilização produtiva da energia, os mecanismos financeiros dos utilizadores finais, e as estratégias para chegar aos consumidores de última milha. Estes tópicos foram seleccionados com base nos resultados do inquérito de seminários realizados pela Energypedia e as perguntas orientadoras foram revistas pelos participantes durante a reunião em linha no dia 1 de Novembro.
Stakeholder Workshop
O Stakeholer Workshop começou com comentários bem-vindos de Energypedia, AMER e GBE. Seguiu-se uma breve apresentação da energypedia sobre o actual panorama do mercado para os sectores solar e da cozinha limpa. O objectivo da apresentação era fornecer informação actualizada e uma compreensão comum dos dois sectores, uma vez que tínhamos uma audiência de ambos. A Energypedia também mostrou o Centro de Conhecimento Fora da Rede de Moçambique (Mozambique Off-grid Knowledge Hub) e como os participantes podiam contribuir para o centro. Foram partilhados exemplos de estudos de casos de diferentes empresas para encorajar outras empresas a partilharem os seus e a juntarem-se ao centro. Durante a segunda parte do workshop, a audiência foi dividida em três grupos de trabalho para discutir os três tópicos. No final das mesas redondas, o representante de cada mesa redonda apresentou os resultados a toda a audiência.
Este artigo apresenta um resumo dos tópicos discutidos em cada mesa redonda.
Mesa Redonda 1: Utilização Produtiva de Energia (UPE) Em Moçambique
Moderação:
Ruben Morgado
Discussão:
Abuchamo Dário Maputo – Get.Invest (Finaciador)
Samson Jangai – Sun Power (Fornecedor e Instalador)
Edvânia Ana Paulino D'Uamba – Logos Industrias (Fornecedor e Instalador)
Leusio Maungue – GIZ (Financiador)
João Paulo Zimba – Burn (Produtor de fogão Melhorado)
Charle Wilkinson – Arc Power (projectista e implementador)
Joaquim Magalhaes – Arc Power (projectista e implementador)
Cedrick Lemarie – Epilson Solar (Desenvolvedor)
Miguel Sottomayor – Membro de Regressão da AMER e consultor em Electrificação Rural
Ana Dionência Munguambe – Energypedia
No início da discussão do painel, o moderador fez uma breve introdução à definição de utilização produtiva de energia (UPE). UPE é hoje um conceito envolvido no mundo do processo energético, por líderes da indústria, financiadores e organizações da sociedade civil e muitos outros. Mas qual é o verdadeiro significado de UPE? Infelizmente, não existe uma definição clara da indústria do que é produtivo e do que não é produtivo.
A definição convencional de UPE pressupõe que não existem tecnologias adequadas para o uso doméstico, comunitário, de saúde, educação ou de consumo. Em suma, UPE é uma tecnologia utilizada na agricultura, indústria e comércio para gerar rendimento, bens e serviços. Mas, se a geração de rendimentos é um objectivo primordial de UPE, os novos dados emergentes no sector sugerem que muitas outras tecnologias devem ser qualificadas.
A iluminação, que podemos simplesmente definir como o acesso à electricidade pode ser utilizada na geração de rendimentos. Dados actuais que apoiam esta hipótese, tais como o recém reformatório de 2018, Paul in Opportunity da Gugla, afirma que o acesso à electricidade já permitiu um aumento de rendimento entre 35 USD por mês, um aumento de rendimento para um terço dos seus clientes dos SHS (Solar Home Systems/Sistemas Solares Domésticos/). Nesse sentido, será uma lâmpada que permite que uma barraca fique aberta durante um longo período de tempo, considerada uma utilização produtiva de energia? E o ventilador que é utilizado para proporcionar conforto nessa barraca é também uma utilização produtiva de energia? E que tal um fogão melhorado? E que tal um forno? Estas foram as questões colocadas aos participantes da Mesa Redonda 1 pelo moderador, com a intenção de chegar a uma definição para UPE.
Um comentário inicial foi que devemos conhecer o limite entre auto-consumo (consumo próprio) e UPE, só então poderemos definir correctamente o que é. Devemos ter em mente que UPE tem a finalidade de gerar rendimento/lucro, e o auto-consumo não. Por exemplo: uma lâmpada acesa numa casa de família seria considerada auto-consumo, mas uma lâmpada numa barraca, gera rendimento, portanto é UPE. Sob este argumento, qualquer forma de energia que seja utilizada para gerar rendimento seria considerada UPE.
Houve também o argumento contrário de que não se deve separar UPE do auto-consumo, uma vez que ambos os conceitos acabam por fluir para o mesmo objectivo. Este argumento levantou as seguintes questões: é possível determinar a categoria ou potência mínima para que um sistema seja considerado UPE? Será que um único consumidor que utiliza um sistema FV (Fotovoltaico) a nível industrial seria considerado UPE ou autoconsumo?
Outros comentários seguintes foram:
- UPE é o processo de produção, geração de rendimentos, benefícios e geração de emprego.
- O termo UPE surge da utilização da energia solar, com o objectivo de acabar com a pobreza e vem a assumir a parte da sustentabilidade.
- UPE serve para distribuir riqueza e que é um termo que beneficia as pessoas directa ou indirectamente.
Os participantes foram da opinião que ao falar-se do UPE deve considerar-se o seguinte:
- há necessidade de abordar a questão do licenciamento no UPE,
- O UPE está relacionado com o aumento da produção de energia,
- O UPE ajuda a criar um desenvolvimento gradual que pode satisfazer as necessidades dos clientes,
- O UPE está relacionado com o seguimento de uma cadeia de valor,
- há necessidade de conceber o acesso ao uso produtivo
- há necessidade de convencer o governo a promover a utilização produtiva da energia,
- há necessidade de ver a escala de utilização da energia.
A discussão terminou com uma apresentação dos pontos mais importantes aos restantes participantes do seminário.
- O que lhe vem à mente quando se ouve "Utilização produtiva de energia"?
- Auto-consumo
- Escala de benefícios de indivíduo para grupo
- Geração de dinheiro
- Perfil do utilizador e produção
- Criação de empregos
- Cadeia de valor
- Distribuição da riqueza
- Hoje vs amanhã
- Produção vs Consumo
Benefícios do UPE:
- Desenvolvimento comunitário
- Mais oportunidades para as empresas e o emprego
- Igualdade financeira - igual retorno financeiro para a comunidade
Desafios:
- Dependência dos subsídios para o financiamento
- A capacidade limitada leva a um lento retorno do investimento
- Distinção tecnológica - diferentes definições para "uso produtivo".
- Falta de conhecimento / capacitação nas seguintes áreas:
- Técnica
- Empreendedorismo
- Partilha de informação sobre quais as tecnologias actualmente existentes
- Divulgação de oportunidades no terreno
- Garantia de qualidade técnica baixa
- É necessário um quadro regulamentar mais específico
Recomendações voltadas para AMER como associação no sector de energia renovável em Moçambique:
- Promover o conhecimento e o desenvolvimento de capacidades do UPE
- Investir em infra-estruturas que favoreçam a utilização produtiva de energia
- Fomentar de parcerias público-privadas
- Promoção do PPP em vez do UPE para beneficiar as comunidades, definindo o que é UPE num contexto nacional.
Mesa Redonda 2: Mecanismos de financiamento do utilizador final
Moderação:
Erik Laborda
Discussão:
Taira Otédia Pene - FDC
Armando Mate - Platina
Luzerio Tivone - Syrex Sistemas
Micas Noa Cumbana - Mozcarbon
Israel Pernambuco - Agricoa COOP
Wambene Cavele - Solarworks!
Tevine Gregorio Eugenio - energypedia
Quais são os produtos e serviços vendidos pelas empresas na mesa redonda?
- Sistemas Solares Domésticos
- Sistema solar para irrigação e para uso produtivo em geral,
- Fogões de cozinha melhorados (carvão e lenha)
Quais são as opções de noivo oferecidas pela sua empresa?
- PAYGO - o cliente paga como pode, se se atrasar, a duração do seu contrato é prolongada
- pagamentos em atraso - pagamentos em atraso. Este sistema de pagamento é adequado para clientes com maior capacidade de pagamento no segmento high end.
- Sem desconexões - Pagamentos híbridos com várias opções, tais como: financiamento através de bancos/micro-financiamento, pagamento móvel
- serviços de tarifa fixa pagos em dinheiro a um preço subsidiado - presentes em empresas de cozinhas
- Oferecer incentivos financeiros aos clientes:
- RBF
- Créditos de carbono
- Prestações mensais
- Outros incentivos, tais como subsídios a empresas que distribuem equipamento de utilização produtiva aos utilizadores finais
(ENGIE-PAYGO, ARREARS (segmento High end); PLATINA Tend- prestações fixas, financiamento através de bancos e microfinanças; AGRECOA-Cash- descontos directos, Subvenção de doadores tais como FAZER; MOZCARBON- prestações mensais, 3 em zonas urbanas e 6-12 em zonas rurais, Crédito de Carbono, adiantam dois incentivos ao cliente (RBF e Créditos de Carbono); FUNDAÇÃO PRÁTICA-Subvenção a empresas que distribuem bombeamento solar ao utilizador final. (ajuda directa, parcela, RBF, CovidPlus, dinheiro))
Quais são os desafios que as empresas enfrentam relativamente às opções de financiamento?
- O pagamento por defeito
- Gestão da carteira de clientes
- Gestão de créditos para clientes PAYGO
- Custos de transacção e infra-estruturas a serem cobertos pela empresa
- Os clientes não podem suportar custos elevados de sistemas de utilização produtiva. - O apoio necessário dos bancos para oferecer financiamento e um modelo de negócio claro. Os doadores devem cobrir essas despesas com os bancos
- Lutar para gerir os empréstimos. Demasiados empréstimos são oferecidos a clientes PAYGO que não podem pagar.
- Grande dependência dos incentivos dos doadores
- Vandalismo e roubo de equipamento
- Desvio interno de dinheiro (agentes de campo)
- Falta de conhecimentos sobre os métodos de pagamento por parte dos clientes
- Baixa cobertura de sinal - falta de acesso ao dinheiro móvel.
- Desadequação entre o preço do produto e a capacidade de pagamento dos clientes
Recomendações
- Planos de pagamento únicos para todos os clientes PAYGO
- Melhorar a gestão interna da empresa
- Desenvolvimento de capacidades dos agentes
- Cooperação com Mpesa, E-mola ou outras entidades de dinheiro móvel
- Melhor educação para os clientes
- pagamentos
- contratos
- produto
- tecnologia
- Os sistemas de utilização produtiva têm preços mais elevados para os clientes. Sugere-se que os doadores se envolvam com bancos e instituições de microcrédito para cobrir custos elevados para os clientes
O que seria uma opção de financiamento ideal?
Devido à falta de capacidade do cliente para pagar os produtos, e também aos riscos que as empresas correm ao tentarem vender os seus produtos, é opinião mútua que o banco deveria estar envolvido como uma espécie de Seguradora, e então, claro, a opção de financiamento ideal seria aquela em que os Doadores, o Banco e as Empresas estão envolvidos, porque trabalhar a 3 ganha mais. E para certos casos particulares, como para a PLATINA Ltd, a Microfinança também seria uma opção.
Mesa Redonda 3: Abordagens para chegar aos utilizadores finais
Moderação:
Xan García
Discussão:
Florencia Saide - Sogepal
Aime Sozinho – Sun Power Engineering
Aldina Sindique – Carbonsink
Gervasio Mavengue – GIZ
Jeppe Lorenzen – Blue Zone
Sofia Nazareth – Ignite
Sheila Bila – AMER
Azeite Chaleca – Engie Energy Access
Stela Miambo – energypedia
Charles Nhalungo – energypedia
Estratégias de venda:
- Força de vendas comissionada (vendedores e promotores)
- Vendas fora de loja através de redes de distribuição internas (Ignite/Sogepal)
- Linhas de clientes em cidades e zonas rurais
- Cooperação com as autoridades locais para promover os produtos
- Página Web e meios de comunicação social para pesquisa de projectos
- Grossistas: consignação/comissão
Marketing:
- Vendedores porta-a-porta
- As exposições itinerantes não são muito comuns, devido aos custos elevados
- Rádio comunitária / rádio nacional
- Gestão de uma linha de clientes (clientes existentes)
- Manifestações em comunidades (Carbonsink)
- Participação em feiras comerciais
- Rede social/ Meios de comunicação social (Sunpower)
Pós-venda:
- Warrantees - assistência técnica
- Call-centers - descentralizados (Ignite)
- E-waste (Ignite exporta sistemas danificados)
Desafios e oportunidades de melhoria:
- Distribuidores: consignação/comissão em alto risco, despesas elevadas
- Reposição: as revendas não são subsidiadas - é necessário o apoio de organizações
- Manter o contacto com os clientes
- Lidar com o e-waste
- Roubo
- Formas de pagamento
- Perfis de clientes