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Difference between revisions of "Situação da Eletricidade em Moçambique"

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Tag: 2017 source edit
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== Visão Geral ==
 
== Visão Geral ==
Moçambique empreendeu esforços significativos nos últimos anos para electrificar o país. A taxa de electrificação aumentou de 5% em 2001 para 24% em 2017, e para 29% em 2019. O acesso à electricidade, no entanto, permanece baixo e concentra-se principalmente nas áreas urbanas. Em 2019, 72% da população urbana tinha acesso à electricidade em comparação com 5% da população rural <ref name=":0">World Bank, ‘Mozambique | Data’. <nowiki>https://data.worldbank.org/indicator/EG.ELC.ACCS.UR.ZS?locations=MZ</nowiki></ref>. Este desequilíbrio representa um importante desafio para alcançar a electrificação do país até 2030, considerando que a grande maioria (63% em 2019) da população de Moçambique vive nas zonas rurais <ref name=":1">‘Mozambique: Energy and the Poor’, K. Naidoo, C. Loots, 2020, <nowiki>https://sun-connect-news.org/fileadmin/DATEIEN/Dateien/New/2021-01-29_UNDP-UNCDF-Mozambique-Energy-and-the-Poor.pdf</nowiki>.</ref>.
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Moçambique empreendeu esforços significativos nos últimos anos para electrificar o país. A taxa de electrificação aumentou de 5% em 2001 para 24% em 2017 e para 29% em 2019. O acesso à electricidade, no entanto, permanece baixo e concentra-se principalmente nas áreas urbanas. Em 2019, 72% da população urbana tinha acesso à electricidade em comparação com 5% da população rural <ref name=":0">World Bank, ‘Mozambique | Data’. <nowiki>https://data.worldbank.org/indicator/EG.ELC.ACCS.UR.ZS?locations=MZ</nowiki></ref>. Este desequilíbrio representa um importante desafio para alcançar a electrificação do país até 2030, considerando que a grande maioria (63% em 2019) da população de Moçambique vive nas zonas rurais <ref name=":1">‘Mozambique: Energy and the Poor’, K. Naidoo, C. Loots, 2020, <nowiki>https://sun-connect-news.org/fileadmin/DATEIEN/Dateien/New/2021-01-29_UNDP-UNCDF-Mozambique-Energy-and-the-Poor.pdf</nowiki>.</ref>.
  
 
== Situação da Eletricidade ==
 
== Situação da Eletricidade ==
Em 1977, dois anos após a independência de Moçambique, foi fundada a Electricidade de Moçambique (EDM), uma empresa pública estatal. O objectivo da EDM era actuar como um organismo de unificação dos centros de geração existentes para promover o desenvolvimento industrial e agrícola, bem como melhorar a extensão e a qualidade da electrificação doméstica. Durante os primeiros anos de funcionamento, a EDM funcionou com uma gestão empresarial baseada no lucro e, mais tarde, mudou para uma fixação centralizada de preços. No entanto, não foi até à reestruturação económica de Moçambique em 1995, quando a EDM se tornou uma empresa pública oficialmente conhecida como "EDM-E.P" <ref name=":2">EDM, ‘Legislation | EDM - Electricidade de Moçambique, <nowiki>https://www.edm.co.mz/en/website/page/legislation</nowiki></ref>.
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Em 1977, dois anos após a independência de Moçambique, foi fundada a Electricidade de Moçambique (EDM), uma empresa pública estatal. O objectivo da EDM era actuar como um organismo de unificação dos centros de geração existentes para promover o desenvolvimento industrial e agrícola, bem como melhorar a extensão e a qualidade da electrificação doméstica. Durante os primeiros anos de funcionamento, a EDM funcionou com uma gestão empresarial baseada no lucro e mais tarde mudou para uma fixação centralizada de preços. No entanto, não foi até à reestruturação económica de Moçambique em 1995, quando a EDM se tornou uma empresa pública oficialmente conhecida como "EDM-E.P" <ref name=":2">EDM, ‘Legislation | EDM - Electricidade de Moçambique, <nowiki>https://www.edm.co.mz/en/website/page/legislation</nowiki></ref>.
  
 
A EDM recentemente reformada é agora a entidade responsável pela produção, transmissão e distribuição de electricidade, bem como o regulador de electricidade a partir de fontes de energia renováveis, tal como se afirma no  Electricity Law (Law No.21/91) <ref name=":2" />  
 
A EDM recentemente reformada é agora a entidade responsável pela produção, transmissão e distribuição de electricidade, bem como o regulador de electricidade a partir de fontes de energia renováveis, tal como se afirma no  Electricity Law (Law No.21/91) <ref name=":2" />  
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Moçambique tem uma capacidade total instalada de 2.780 MW (2020). As projecções para 2030 do Plano Director do Sector Eléctrico mostram um aumento esperado da capacidade total instalada para 6.001 MW. A energia hidroeléctrica é a fonte de electricidade dominante com 2.189 MW, 79% do cabaz energético total, seguida de 442 MW de gás (16%), 108 MW de fuelóleo pesado (HFO) (4%) e 41 MW de solar (1%) (2020)<ref name=":4">Aler_mar2021_resumo-Renovaveis-Em-Mocambique-2021.Pdf’, accessed 23 April 2021, <nowiki>https://www.lerenovaveis.org/contents/lerpublication/aler_mar2021_resumo-renovaveis-em-mocambique-2021.pdf</nowiki></ref>.
 
Moçambique tem uma capacidade total instalada de 2.780 MW (2020). As projecções para 2030 do Plano Director do Sector Eléctrico mostram um aumento esperado da capacidade total instalada para 6.001 MW. A energia hidroeléctrica é a fonte de electricidade dominante com 2.189 MW, 79% do cabaz energético total, seguida de 442 MW de gás (16%), 108 MW de fuelóleo pesado (HFO) (4%) e 41 MW de solar (1%) (2020)<ref name=":4">Aler_mar2021_resumo-Renovaveis-Em-Mocambique-2021.Pdf’, accessed 23 April 2021, <nowiki>https://www.lerenovaveis.org/contents/lerpublication/aler_mar2021_resumo-renovaveis-em-mocambique-2021.pdf</nowiki></ref>.
  
Existem seis centrais hidroeléctricas em funcionamento em todo o país <ref name=":1" />. A maior central hidroeléctrica está localizada na província de Tete e é operada pela Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB). A HCB é responsável pela maior parte da produção hidroeléctrica, com uma capacidade de 2,075 MW. Em 2014, forneceu até 88% da energia consumida em Moçambique <ref>EDM, Integrated Master Plan 2018-2043,<nowiki>https://www.edm.co.mz/en/document/reports/integrated-master-plan-2018-2043</nowiki></ref>. Devido à baixa procura de electricidade (o pico de procura em 2014 foi estimado em apenas 831 MW) resultante do escasso acesso à energia em Moçambique, a maior parte da produção da HCB é exportada para a África do Sul. As quotas mais pequenas são exportadas para o Zimbabué e Botsuana <ref name=":1" />. O resto das centrais hidroeléctricas são exploradas pela EDM, como se pode ver na tabela seguinte.  
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Existem seis centrais hidroeléctricas em funcionamento em todo o país <ref name=":1" />. A maior central hidroeléctrica está localizada na província de Tete e é operada pela Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB). A HCB é responsável pela maior parte da produção hidroeléctrica, com uma capacidade de 2,075 MW. Em 2014, forneceu até 88% da energia consumida em Moçambique <ref>EDM, Integrated Master Plan 2018-2043,<nowiki>https://www.edm.co.mz/en/document/reports/integrated-master-plan-2018-2043</nowiki></ref>. Devido à baixa procura de electricidade (o pico de procura em 2014 foi estimado em apenas 831 MW) resultante do escasso acesso à energia em Moçambique, a maior parte da produção da HCB é exportada para a África do Sul. As quotas mais pequenas são exportadas para o Zimbabwe e Botswana <ref name=":1" />. O resto das centrais hidroeléctricas são exploradas pela EDM, como se pode ver na tabela seguinte.  
 
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|+'''Tabela: Capacidade instalada de energia Hidroeléctrica em Moçambique'''
 
|+'''Tabela: Capacidade instalada de energia Hidroeléctrica em Moçambique'''
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=== Transmissão e Distribuição (Estrutura da Rede) ===
 
=== Transmissão e Distribuição (Estrutura da Rede) ===
[[File:Grid Map of Mozambique.png|thumb|Figura: Mapa de Moçambique mostrando a rede de transmissão e as linhas de distribuição|alt=|left|link=https://energypedia.info/wiki/File:Grid_Map_of_Mozambique.png]]O mapa abaixo mostra o estado da rede de transmissão em todo o país em 2016. As províncias de Tete, Sofala e Maputo têm a melhor conectividade de rede. Em 2016 já havia quatro subestações planeadas para a Beira, três para Maputo, e mais espalhadas por Moçambique. A rede da rede sul não está actualmente ligada às redes norte e centro; em vez disso, o interconector com a África do Sul é utilizado para alimentar a cidade de Maputo. Assim, a maior parte da electricidade gerada no Norte é exportada para a África do Sul e depois reimportada <ref name=":3" />.
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[[File:Grid Map of Mozambique.png|thumb|Figura: Mapa de Moçambique mostrando a rede de transmissão e as linhas de distribuição|alt=|left|link=https://energypedia.info/wiki/File:Grid_Map_of_Mozambique.png]]O mapa abaixo mostra o estado da rede de transmissão em todo o país em 2016. As províncias de Tete, Sofala e Maputo têm a melhor conectividade de rede. Em 2016 já havia quatro subestações planeadas para a Beira, três para Maputo e mais espalhadas por Moçambique. A rede da rede sul não está actualmente ligada às redes norte e centro; em vez disso, o interconector com a África do Sul é utilizado para alimentar a cidade de Maputo. Assim, a maior parte da electricidade gerada no Norte é exportada para a África do Sul e depois reimportada <ref name=":3" />.
  
 
A rede nacional tem duas componentes eléctricas isoladas <ref>Goodrich, G., Mozambique: A Regional Electricity Exporter | Energy Capital & Power, <nowiki>https://energycapitalpower.com/2020/10/09/mozambique-a-regional-electricity-exporter/</nowiki></ref>:
 
A rede nacional tem duas componentes eléctricas isoladas <ref>Goodrich, G., Mozambique: A Regional Electricity Exporter | Energy Capital & Power, <nowiki>https://energycapitalpower.com/2020/10/09/mozambique-a-regional-electricity-exporter/</nowiki></ref>:
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|}Fonte: IEA, 2018 <ref name=":5" />  
 
|}Fonte: IEA, 2018 <ref name=":5" />  
  
Globalmente, o sector que consome mais energia é a indústria. Em 2018, o consumo total de electricidade para actividades industriais foi de 888 ktep, ou 10,32 TWh; o sector residencial consumiu 1500,3 GWh, os serviços comerciais e públicos 407 GWh e as actividades agrícolas 23,3 GWh. A electricidade fornecida pela rede, no entanto, é maioritariamente dirigida a utilizadores residenciais. Com base nos dados de facturação de 2019 da EDM, a procura de electricidade na rede em Moçambique é a mais elevada para uso doméstico (45%), seguida pelas indústrias (37,3%) e uso comercial (16%) <ref name=":5" />.  
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Globalmente, o sector que consome mais energia é a indústria. Em 2018, o consumo total de electricidade para actividades industriais foi de 888 ktep ou 10,32 TWh; o sector residencial consumiu 1500,3 GWh, os serviços comerciais e públicos 407 GWh e as actividades agrícolas 23,3 GWh. A electricidade fornecida pela rede, no entanto, é maioritariamente dirigida a utilizadores residenciais. Com base nos dados de facturação de 2019 da EDM, a procura de electricidade na rede em Moçambique é a mais elevada para uso doméstico (45%), seguida pelas indústrias (37,3%) e uso comercial (16%) <ref name=":5" />.  
 
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|+'''Tabela: Consumo final de electricidade por sector, 2018'''
 
|+'''Tabela: Consumo final de electricidade por sector, 2018'''
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|}Um dos métodos de facturação oferecidos aos clientes da EDM é através de contadores eléctricos convencionais. Estes contadores são emprestados aos utilizadores e lidos mensalmente por funcionários treinados da EDM para calcular o consumo mensal de electricidade do utilizador. Os clientes podem pagar a sua factura de electricidade directamente através de depósitos bancários, preenchendo uma factura dentro do banco, através de transferência de dinheiro no multibanco do banco, ou como débito automático das suas contas de folha de pagamento <ref name=":7">EDM, ‘Contador CREDELEC | EDM - Electricidade de Moçambique, <nowiki>https://www.edm.co.mz/en/products/contador-credelec</nowiki></ref>.
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|}Um dos métodos de facturação oferecidos aos clientes da EDM é através de contadores eléctricos convencionais. Estes contadores são emprestados aos utilizadores e lidos mensalmente por funcionários treinados da EDM para calcular o consumo mensal de electricidade do utilizador. Os clientes podem pagar a sua factura de electricidade directamente através de depósitos bancários, preenchendo uma factura dentro do banco, através de transferência de dinheiro no multibanco do banco ou como débito automático das suas contas de folha de pagamento <ref name=":7">EDM, ‘Contador CREDELEC | EDM - Electricidade de Moçambique, <nowiki>https://www.edm.co.mz/en/products/contador-credelec</nowiki></ref>.
  
 
Outra alternativa é a utilização de um sistema pré-pago chamado CREDELEC. Este sistema permite que os utilizadores tenham controlo sobre quanto querem gastar num período de tempo específico, não sendo obrigados a pagar uma taxa mensal. Isto evita o risco de desligamento súbito devido à falta de pagamento. As opções de compra do CREDELEC pré-pago incluem cartões de raspadinha que estão disponíveis em lojas de conveniência, supermercados, ou pagando directamente nas ATMs EDM. Em 2020, cerca de 78% dos consumidores de energia eléctrica (mais de 671.322 clientes) foram facturados através do sistema CREDELEC <ref name=":7" />.  
 
Outra alternativa é a utilização de um sistema pré-pago chamado CREDELEC. Este sistema permite que os utilizadores tenham controlo sobre quanto querem gastar num período de tempo específico, não sendo obrigados a pagar uma taxa mensal. Isto evita o risco de desligamento súbito devido à falta de pagamento. As opções de compra do CREDELEC pré-pago incluem cartões de raspadinha que estão disponíveis em lojas de conveniência, supermercados, ou pagando directamente nas ATMs EDM. Em 2020, cerca de 78% dos consumidores de energia eléctrica (mais de 671.322 clientes) foram facturados através do sistema CREDELEC <ref name=":7" />.  
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|}Fonte: Dados da EDM <ref name=":6" />
 
|}Fonte: Dados da EDM <ref name=":6" />
  
Durante a última década, a EDM tem trabalhado na reestruturação financeira para alcançar um sistema tarifário que reflicta os custos. Numa tentativa de diminuir a dívida e a insolvência que a empresa enfrenta, tem havido aumentos significativos das tarifas, o que tornou inacessíveis para muitos utilizadores de electricidade o pagamento das suas contas. Esta realidade forçou a EDM a subsidiar tarifas para as famílias pobres que não podem pagar, a fim de as manter como clientes, mas ao mesmo tempo sacrificando a sustentabilidade da empresa ao manter a operação com prejuízo. Estima-se que a EDM fornece subsídios sob a forma de descontos de cerca de 84% da factura mensal de electricidade à maioria dos seus clientes retalhistas <ref name=":1" />.
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Durante a última década, a EDM tem trabalhado na reestruturação financeira para alcançar um sistema tarifário que reflicta os custos. Numa tentativa de diminuir a dívida e a insolvência que a empresa enfrenta, tem havido aumentos significativos das tarifas, o que tornou inacessíveis para muitos utilizadores de electricidade o pagamento das suas contas. Esta realidade forçou a EDM a subsidiar tarifas para as famílias pobres que não podem pagar, a fim de as manter como clientes mas, ao mesmo tempo sacrificando a sustentabilidade da empresa ao manter a operação com prejuízo. Estima-se que a EDM fornece subsídios sob a forma de descontos de cerca de 84% da factura mensal de electricidade à maioria dos seus clientes retalhistas <ref name=":1" />.
  
 
Como medida para impulsionar os investimentos privados no sector energético, os Produtores Independentes de Energia (PIE) foram introduzidos em 2015. Contudo, sem um quadro financeiro forte e modelos comerciais claros, espera-se que os PIE enfrentem o mesmo destino que a EDM e serão obrigados a procurar outras formas de financiamento internacional <ref name=":1" />.  
 
Como medida para impulsionar os investimentos privados no sector energético, os Produtores Independentes de Energia (PIE) foram introduzidos em 2015. Contudo, sem um quadro financeiro forte e modelos comerciais claros, espera-se que os PIE enfrentem o mesmo destino que a EDM e serão obrigados a procurar outras formas de financiamento internacional <ref name=":1" />.  
  
 
=== Falta de Energia/Carga ===
 
=== Falta de Energia/Carga ===
O serviço de electricidade sofre de um problema circular. Embora a procura de electricidade em Moçambique pareça baixa, está a aumentar, especialmente tendo em conta o crescimento previsto da população. A IEA projecta uma procura de energia primária de mais de 20 Mtep até 2030, de acordo com as actuais políticas declaradas, e uma população total de 43 milhões até 2030 e 55 milhões até 2040. Estes factores resultam numa procura de electricidade superior à quota de electricidade produzida que não é para exportação, afectando os negócios com a África do Sul e outros países <ref>IEA, Africa Energy Outlook 2019, <nowiki>https://www.iea.org/reports/africa-energy-outlook-2019</nowiki></ref>. Além disso, as perdas de 27% da energia gerada, devido ao limitado pessoal técnico disponível e aos atrasos na manutenção da rede, agravam o já insuficiente fornecimento de energia <ref name=":4" />.  Como medida para melhorar as condições da rede, a EDM programou uma série de ultrajes programados em 2018 para a manutenção do sistema eléctrico <ref>EDM, ‘Scheduled Outages | EDM - Electricidade de Moçambique, <nowiki>https://www.edm.co.mz/en/website/page/scheduled-outages</nowiki></ref>.  
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O serviço de electricidade sofre de um problema circular. Embora a procura de electricidade em Moçambique pareça baixa, está a aumentar, especialmente tendo em conta o crescimento previsto da população. A IEA projecta uma procura de energia primária de mais de 20 Mtep até 2030, de acordo com as actuais políticas declaradas e uma população total de 43 milhões até 2030 e 55 milhões até 2040. Estes factores resultam numa procura de electricidade superior à quota de electricidade produzida que não é para exportação, afectando os negócios com a África do Sul e outros países <ref>IEA, Africa Energy Outlook 2019, <nowiki>https://www.iea.org/reports/africa-energy-outlook-2019</nowiki></ref>. Além disso, as perdas de 27% da energia gerada, devido ao limitado pessoal técnico disponível e aos atrasos na manutenção da rede, agravam o já insuficiente fornecimento de energia <ref name=":4" />.  Como medida para melhorar as condições da rede, a EDM programou uma série de ultrajes programados em 2018 para a manutenção do sistema eléctrico <ref>EDM, ‘Scheduled Outages | EDM - Electricidade de Moçambique, <nowiki>https://www.edm.co.mz/en/website/page/scheduled-outages</nowiki></ref>.  
  
 
=== Acesso à Rede/ Desinficação da Rede ===
 
=== Acesso à Rede/ Desinficação da Rede ===
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=== Eletrificação Rural ===
 
=== Eletrificação Rural ===
O Fundo de Energia de Moçambique (FUNAE), é a instituição pública responsável pela electrificação rural fora da rede, com especial enfoque nas energias renováveis. Desde a sua fundação em 1997 com o apoio monetário da EDM, o FUNAE forneceu acesso à electricidade a 580 escolas e 561 centros de saúde em 260 aldeias que anteriormente dependiam de querosene ou velas para iluminação <ref name=":8" />. Em 2019, 5% da população rural total tinha acesso à electricidade <ref name=":0" />. Contudo, dado que mais de metade da população moçambicana vive em comunidades rurais, este aumento é ainda baixo, representando um desafio para alcançar o objectivo de electrificar todas as famílias moçambicanas até 2030.
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O Fundo de Energia de Moçambique (FUNAE) é a instituição pública responsável pela electrificação rural fora da rede, com especial enfoque nas energias renováveis. Desde a sua fundação em 1997 com o apoio monetário da EDM, o FUNAE forneceu acesso à electricidade a 580 escolas e 561 centros de saúde em 260 aldeias que anteriormente dependiam de querosene ou velas para iluminação <ref name=":8" />. Em 2019, 5% da população rural total tinha acesso à electricidade <ref name=":0" />. Contudo, dado que mais de metade da população moçambicana vive em comunidades rurais, este aumento é ainda baixo, representando um desafio para alcançar o objectivo de electrificar todas as famílias moçambicanas até 2030.
  
 
Um grande obstáculo à expansão da electrificação rural é a falta de sustentabilidade dos rendimentos do FUNAE. O custo dos programas de electrificação não é coberto pelas tarifas da EDM, devido ao facto de os utilizadores de electricidade não poderem pagá-las, apesar de as tarifas serem altamente subsidiadas e de os potenciais clientes viverem ao alcance da rede. Uma vez que a EDM não recebe quaisquer subsídios do governo para financiar os projectos de electrificação do FUNAE, o FUNAE tem de recorrer a investimentos e donativos externos para continuar a funcionar <ref name=":8" />.
 
Um grande obstáculo à expansão da electrificação rural é a falta de sustentabilidade dos rendimentos do FUNAE. O custo dos programas de electrificação não é coberto pelas tarifas da EDM, devido ao facto de os utilizadores de electricidade não poderem pagá-las, apesar de as tarifas serem altamente subsidiadas e de os potenciais clientes viverem ao alcance da rede. Uma vez que a EDM não recebe quaisquer subsídios do governo para financiar os projectos de electrificação do FUNAE, o FUNAE tem de recorrer a investimentos e donativos externos para continuar a funcionar <ref name=":8" />.

Revision as of 08:04, 1 December 2021

Visão Geral

Moçambique empreendeu esforços significativos nos últimos anos para electrificar o país. A taxa de electrificação aumentou de 5% em 2001 para 24% em 2017 e para 29% em 2019. O acesso à electricidade, no entanto, permanece baixo e concentra-se principalmente nas áreas urbanas. Em 2019, 72% da população urbana tinha acesso à electricidade em comparação com 5% da população rural [1]. Este desequilíbrio representa um importante desafio para alcançar a electrificação do país até 2030, considerando que a grande maioria (63% em 2019) da população de Moçambique vive nas zonas rurais [2].

Situação da Eletricidade

Em 1977, dois anos após a independência de Moçambique, foi fundada a Electricidade de Moçambique (EDM), uma empresa pública estatal. O objectivo da EDM era actuar como um organismo de unificação dos centros de geração existentes para promover o desenvolvimento industrial e agrícola, bem como melhorar a extensão e a qualidade da electrificação doméstica. Durante os primeiros anos de funcionamento, a EDM funcionou com uma gestão empresarial baseada no lucro e mais tarde mudou para uma fixação centralizada de preços. No entanto, não foi até à reestruturação económica de Moçambique em 1995, quando a EDM se tornou uma empresa pública oficialmente conhecida como "EDM-E.P" [3].

A EDM recentemente reformada é agora a entidade responsável pela produção, transmissão e distribuição de electricidade, bem como o regulador de electricidade a partir de fontes de energia renováveis, tal como se afirma no Electricity Law (Law No.21/91) [3]

Devido ao papel vital que as energias renováveis desempenham no objectivo da electrificação de Moçambique, a Lei da Electricidade tem estado em constante revisão desde 2017 para assegurar o desenvolvimento tecnológico e mecanismos tarifários claros, bem como modelos de negócio. Com uma compreensão mais clara do quadro legal e dos papéis dos intervenientes participantes, espera-se que a revisão mais recente de 2017 melhore o envolvimento do sector privado no sector energético moçambicano [4].

Geração

Moçambique tem uma capacidade total instalada de 2.780 MW (2020). As projecções para 2030 do Plano Director do Sector Eléctrico mostram um aumento esperado da capacidade total instalada para 6.001 MW. A energia hidroeléctrica é a fonte de electricidade dominante com 2.189 MW, 79% do cabaz energético total, seguida de 442 MW de gás (16%), 108 MW de fuelóleo pesado (HFO) (4%) e 41 MW de solar (1%) (2020)[5].

Existem seis centrais hidroeléctricas em funcionamento em todo o país [2]. A maior central hidroeléctrica está localizada na província de Tete e é operada pela Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB). A HCB é responsável pela maior parte da produção hidroeléctrica, com uma capacidade de 2,075 MW. Em 2014, forneceu até 88% da energia consumida em Moçambique [6]. Devido à baixa procura de electricidade (o pico de procura em 2014 foi estimado em apenas 831 MW) resultante do escasso acesso à energia em Moçambique, a maior parte da produção da HCB é exportada para a África do Sul. As quotas mais pequenas são exportadas para o Zimbabwe e Botswana [2]. O resto das centrais hidroeléctricas são exploradas pela EDM, como se pode ver na tabela seguinte.

Tabela: Capacidade instalada de energia Hidroeléctrica em Moçambique
Planta Capacidade Instalada (MW) Localização Operador
Cahora Bassa 2075 Tete Hidroeléctrica de Cahora Bassa
Mavuzi 52 Manica EDM
Chicamba 44 Manica EDM
Corumana 16.6 Maputo EDM
Cuamba 1.09 Niassa EDM
Lichinga 0.73 Niassa EDM

Fonte: Dados de Cahora Bassa de 2016 [7].

           Dados para plantas EDM de 2018 [8].

Além disso, existe uma central solar fotovoltaica com uma capacidade instalada de cerca de 41 MW (2020). Até 2030, espera-se que as centrais solares forneçam 266 MW de capacidade instalada, tal como projectado no Plano Director do Sector Eléctrico [5] . Os mais recentes projectos fotovoltaicos instalados foram financiados por vários programas energéticos internacionais e governos estrangeiros, tais como o Governo da Coreia do Sul e o Fundo Português de Carbono [9].

Capacidade Instalada (Fonte Renovável)

Em termos de electricidade de fontes de energia renováveis, em 2019 a produção total de electricidade renovável de Moçambique era de 7.089 GWh. 52% da energia renovável total foi produzida pelo maior Produtor Independente de Energia (PIE): Hidroeléctrica de Cahora Bassa, 35% foi produzida por outras PIE, 12% a partir de centrais térmicas e hidroeléctricas da EDM, e 1% foi importada de outros países.

Tabela: Produção de electricidade a partir de fontes de ER

Produção total de electricidade a partir de fontes renováveis 7,089 GWh
Hidroeléctrica de Cahora Bassa 3,651 GWh
Outro PIE 2,491 GWh
Termal 710 GWh
Outras plantas hidroeléctricas 163 GWh

Fonte: ALER, AMER, com dados da EDM [5]

Transmissão e Distribuição (Estrutura da Rede)

Figura: Mapa de Moçambique mostrando a rede de transmissão e as linhas de distribuição

O mapa abaixo mostra o estado da rede de transmissão em todo o país em 2016. As províncias de Tete, Sofala e Maputo têm a melhor conectividade de rede. Em 2016 já havia quatro subestações planeadas para a Beira, três para Maputo e mais espalhadas por Moçambique. A rede da rede sul não está actualmente ligada às redes norte e centro; em vez disso, o interconector com a África do Sul é utilizado para alimentar a cidade de Maputo. Assim, a maior parte da electricidade gerada no Norte é exportada para a África do Sul e depois reimportada [4].

A rede nacional tem duas componentes eléctricas isoladas [10]:

  • Norte-centro: linhas de transmissão de 220 kV do Songo para Nampula e depois continuando a 110 kV para Nacala. Linhas de transmissão de 110 kV das centrais hidroeléctricas de Chicamba e Mavuzi até ao corredor da Beira- Manica.
  • Sul: linhas de transmissão de 110 kV de Maputo a XaiXai, Chokwe e Inhambane.
    Fonte: Mapa de Moçambique destacando a grelha Norte-Centro e Sul

Governo moçambicano está também a planear um grande projecto de transmissão denominado, Sistema de Transmissão Integrado de Espinha dorsal Moçambicana (STE). Este projecto irá interligar os sistemas de energia isolados e ligar Tete e a província de Maputo com linhas de transmissão de alta tensão extra. A Fase 1 do projecto incluirá uma linha de 400 KV ligando Vilanculos a Maputo e três novas subestações em Vilanculos, Chibuto e Matalane [11] e espera-se que tenha início em finais de 2021 [12].

Consumo de Eletricidade

A tabela abaixo mostra os indicadores energéticos mais recentes comunicados pela IEA. Em 2018, o fornecimento total de energia primária foi de 10,43 Mtep, de um total de 20,23 Mtep produzidos nesse ano. O consumo final de electricidade foi de apenas 13,63 TWh, no entanto, este número aumentou drasticamente em mais de 2000% desde 1990 [13].

Tabela: Indicadores energéticos chaves de Moçambique
Produção de energia 20.23 Mtoe
Fornecimento total de energia primária 10.43 Mtoe
Consumo total de electricidade 13.63 TWh
Consumo de electricidade per capita 0.5 MWh

Fonte: IEA, 2018 [13]

Globalmente, o sector que consome mais energia é a indústria. Em 2018, o consumo total de electricidade para actividades industriais foi de 888 ktep ou 10,32 TWh; o sector residencial consumiu 1500,3 GWh, os serviços comerciais e públicos 407 GWh e as actividades agrícolas 23,3 GWh. A electricidade fornecida pela rede, no entanto, é maioritariamente dirigida a utilizadores residenciais. Com base nos dados de facturação de 2019 da EDM, a procura de electricidade na rede em Moçambique é a mais elevada para uso doméstico (45%), seguida pelas indústrias (37,3%) e uso comercial (16%) [13].

Tabela: Consumo final de electricidade por sector, 2018
Indústria 10,327 GWh
Serviços comerciais e públicos 407 GWh
Agricultura / Floresta 23.3 GWh
Residencias 1500.3 GWh

Fonte: IEA, 2018 [13]

Tarifas de Eletricidade

A EDM oferece diferentes opções tarifárias. A tabela seguinte mostra os preços actuais (em MZN/kWh) para a utilização de baixa tensão para as famílias e pequenos agricultores. Estas tarifas são uniformes em todo o país [14].

Tabela: Tarifas de electricidade para diferentes utilizações em baixa tensão em 2021[14]
Consumo registado (kWh) Preço de Venda Taxa fixa (Mt/kWh)
Tarifa Social (Mt/kWh) Tarifas domésticas (Mt/kWh) Tarifa agrícola (Mt/kWh) Tarifa Geral (Mt/kWh)
De 0 a 100 1.07
De 0 a 200 6.63 4.08 10.30 257.97
De 201 a 500 9.39 5.81 14.71 257.97
Acima de 500 9.85 6.39 16.10 257.97
Pré-Pagamento 1.07 8.44 5.65 14.75

Um dos métodos de facturação oferecidos aos clientes da EDM é através de contadores eléctricos convencionais. Estes contadores são emprestados aos utilizadores e lidos mensalmente por funcionários treinados da EDM para calcular o consumo mensal de electricidade do utilizador. Os clientes podem pagar a sua factura de electricidade directamente através de depósitos bancários, preenchendo uma factura dentro do banco, através de transferência de dinheiro no multibanco do banco ou como débito automático das suas contas de folha de pagamento [15].

Outra alternativa é a utilização de um sistema pré-pago chamado CREDELEC. Este sistema permite que os utilizadores tenham controlo sobre quanto querem gastar num período de tempo específico, não sendo obrigados a pagar uma taxa mensal. Isto evita o risco de desligamento súbito devido à falta de pagamento. As opções de compra do CREDELEC pré-pago incluem cartões de raspadinha que estão disponíveis em lojas de conveniência, supermercados, ou pagando directamente nas ATMs EDM. Em 2020, cerca de 78% dos consumidores de energia eléctrica (mais de 671.322 clientes) foram facturados através do sistema CREDELEC [15].

O quadro seguinte mostra as tarifas actuais (em MZN/kWh) para os grandes consumidores para actividades comerciais e agrícolas.

Ficheiro: CREDELEC contador [15]
Tabela: Tarifa de Electricidade para Grandes Consumidores de Baixa, Média e Alta Tensão
Classe de Consumidores Preço de Venda Taxa Fixa (Mt)
(Mt/kWh) (Mt/kW)
Grandes Consumidores de Baixa Tensão 4.70 361.19 602.28
Média Tensão 4.06 422.63 2,826.99
Média Tensão (Agrícola) 2.51 288.59 2,826.99
Alta Tensão 3.99 510.27 2,826.99

Fonte: Dados da EDM [14]

Durante a última década, a EDM tem trabalhado na reestruturação financeira para alcançar um sistema tarifário que reflicta os custos. Numa tentativa de diminuir a dívida e a insolvência que a empresa enfrenta, tem havido aumentos significativos das tarifas, o que tornou inacessíveis para muitos utilizadores de electricidade o pagamento das suas contas. Esta realidade forçou a EDM a subsidiar tarifas para as famílias pobres que não podem pagar, a fim de as manter como clientes mas, ao mesmo tempo sacrificando a sustentabilidade da empresa ao manter a operação com prejuízo. Estima-se que a EDM fornece subsídios sob a forma de descontos de cerca de 84% da factura mensal de electricidade à maioria dos seus clientes retalhistas [2].

Como medida para impulsionar os investimentos privados no sector energético, os Produtores Independentes de Energia (PIE) foram introduzidos em 2015. Contudo, sem um quadro financeiro forte e modelos comerciais claros, espera-se que os PIE enfrentem o mesmo destino que a EDM e serão obrigados a procurar outras formas de financiamento internacional [2].

Falta de Energia/Carga

O serviço de electricidade sofre de um problema circular. Embora a procura de electricidade em Moçambique pareça baixa, está a aumentar, especialmente tendo em conta o crescimento previsto da população. A IEA projecta uma procura de energia primária de mais de 20 Mtep até 2030, de acordo com as actuais políticas declaradas e uma população total de 43 milhões até 2030 e 55 milhões até 2040. Estes factores resultam numa procura de electricidade superior à quota de electricidade produzida que não é para exportação, afectando os negócios com a África do Sul e outros países [16]. Além disso, as perdas de 27% da energia gerada, devido ao limitado pessoal técnico disponível e aos atrasos na manutenção da rede, agravam o já insuficiente fornecimento de energia [5].  Como medida para melhorar as condições da rede, a EDM programou uma série de ultrajes programados em 2018 para a manutenção do sistema eléctrico [17].

Acesso à Rede/ Desinficação da Rede

O acesso à electricidade fornecida pela EDM aumentou de 8% em 2006 para 31% em 2018, o que se traduz em mais de 1,89 milhões de clientes [18]. No final de 2020, a taxa de electrificação na rede aumentou para 34% [5]. Contudo, a ligação à rede está concentrada principalmente em áreas urbanas e escassa em comunidades rurais pobres. Geograficamente, as províncias do Sul próximas de Maputo Cidade, ou seja, Maputo (62%), Gaza (40%), Sofala (37%) e Manica (34%) têm uma taxa de electrificação mais elevada em comparação com as províncias do Norte como Tete (26%), Cabo Delgado (26%), Nampula (25%), Zambézia (18%) e Niassa (17%). Globalmente, a cidade de Maputo tem a taxa de electrificação mais elevada de 95% (com base no inquérito Finscope 2019) [19].

Moçambique é um dos países mais pobres do mundo e muitos moçambicanos embora vivendo na rede nacional não tem acesso à mesma devido à elevada taxa de ligação. A EnDev Moçambique tem apoiado a EDM com o seu programa de densificação da rede e este esforço tornou possível ao Governo de Moçambique renunciar às taxas de ligação em Dezembro de 2020 [20]. No entanto, a extensão da rede nacional às comunidades rurais distantes não é uma solução comercial viável, uma vez que requer um grande investimento e as comunidades rurais não conseguem pagar uma tarifa que possa cobrir este custo de investimento [21].

Eletrificação Rural

O Fundo de Energia de Moçambique (FUNAE) é a instituição pública responsável pela electrificação rural fora da rede, com especial enfoque nas energias renováveis. Desde a sua fundação em 1997 com o apoio monetário da EDM, o FUNAE forneceu acesso à electricidade a 580 escolas e 561 centros de saúde em 260 aldeias que anteriormente dependiam de querosene ou velas para iluminação [18]. Em 2019, 5% da população rural total tinha acesso à electricidade [1]. Contudo, dado que mais de metade da população moçambicana vive em comunidades rurais, este aumento é ainda baixo, representando um desafio para alcançar o objectivo de electrificar todas as famílias moçambicanas até 2030.

Um grande obstáculo à expansão da electrificação rural é a falta de sustentabilidade dos rendimentos do FUNAE. O custo dos programas de electrificação não é coberto pelas tarifas da EDM, devido ao facto de os utilizadores de electricidade não poderem pagá-las, apesar de as tarifas serem altamente subsidiadas e de os potenciais clientes viverem ao alcance da rede. Uma vez que a EDM não recebe quaisquer subsídios do governo para financiar os projectos de electrificação do FUNAE, o FUNAE tem de recorrer a investimentos e donativos externos para continuar a funcionar [18].

Para informações detalhadas sobre a situação de acesso à energia (dentro e fora da rede), plano de electrificação rural, acesso à energia para cozinhar, consulte o capítulo sobre Acesso à Energia em Moçambique.

Visão geral da situação do mercado fora da rede

Para uma visão detalhada sobre a delimitação do mercado e o potencial das tecnologias fora da rede em Moçambique, consulte por favor os seguintes portais de tecnologia:

  • Moçambique - Central Solar
  • Moçambique - Energia de Cozinha Limpa
  • Moçambique - Mini-rede
  • Moçambique - Utilização Produtiva de Energia

Leituras Adicionais

Referências

  1. 1.0 1.1 World Bank, ‘Mozambique | Data’. https://data.worldbank.org/indicator/EG.ELC.ACCS.UR.ZS?locations=MZ
  2. 2.0 2.1 2.2 2.3 2.4 ‘Mozambique: Energy and the Poor’, K. Naidoo, C. Loots, 2020, https://sun-connect-news.org/fileadmin/DATEIEN/Dateien/New/2021-01-29_UNDP-UNCDF-Mozambique-Energy-and-the-Poor.pdf.
  3. 3.0 3.1 EDM, ‘Legislation | EDM - Electricidade de Moçambique, https://www.edm.co.mz/en/website/page/legislation
  4. 4.0 4.1 SEforALL Africa Hub, AfDB, Mini Grid Market Opportunity Assessment, https://www.aler-renovaveis.org/contents/lerpublication/afdb_2017_abr_mini-grid-market-opportunity-assessment-mozambique.pdf
  5. 5.0 5.1 5.2 5.3 5.4 Aler_mar2021_resumo-Renovaveis-Em-Mocambique-2021.Pdf’, accessed 23 April 2021, https://www.lerenovaveis.org/contents/lerpublication/aler_mar2021_resumo-renovaveis-em-mocambique-2021.pdf
  6. EDM, Integrated Master Plan 2018-2043,https://www.edm.co.mz/en/document/reports/integrated-master-plan-2018-2043
  7. IHA, Hydropower Status Report, https://www.lerenovaveis.org/contents/lerpublication/iha_2016_may_hydropower-status-report-2016.pdf
  8. EDM, ‘Generation | EDM - Electricidade de Moçambique, https://www.edm.co.mz/en/website/page/generation
  9. GET.invest, ‘Renewable Energy Potential, https://www.get-invest.eu/market-information/mozambique/renewable-energy-potential/
  10. Goodrich, G., Mozambique: A Regional Electricity Exporter | Energy Capital & Power, https://energycapitalpower.com/2020/10/09/mozambique-a-regional-electricity-exporter/
  11. AfDB, ‘Mozambique-Temane Transmission_Project , Mozambique Integrated Transmission Backbone System (STE_Project), Phase 1- Vilanculos – Maputo – ESIA Summary, https://www.afdb.org/fileadmin/uploads/afdb/Documents/Environmental-and-Social-Assessments/Mozambique_-_Temane_Transmission_Project_Mozambique_Integrated_Transmission_Backbone_System__STE_Project___Phase_1-_Vilanculos_%E2%80%93_Maputo_%E2%80%93_ESIA_Summary.pdf
  12. Power Africa, ‘Linking Electricity to Economic Growth and Energy Security, https://powerafrica.medium.com/linking-electricity-to-economic-growth-and-energy-security-mozambiques-temane-transmission-e47fe6936f07
  13. 13.0 13.1 13.2 13.3 IEA, ‘Mozambique - Countries & Regions’ https://www.iea.org/countries/mozambique
  14. 14.0 14.1 14.2 EDM, ‘Electricity Tariffs | EDM - Electricidade de Moçambique, https://www.edm.co.mz/en/website/page/electricity-tariffs
  15. 15.0 15.1 15.2 EDM, ‘Contador CREDELEC | EDM - Electricidade de Moçambique, https://www.edm.co.mz/en/products/contador-credelec
  16. IEA, Africa Energy Outlook 2019, https://www.iea.org/reports/africa-energy-outlook-2019
  17. EDM, ‘Scheduled Outages | EDM - Electricidade de Moçambique, https://www.edm.co.mz/en/website/page/scheduled-outages
  18. 18.0 18.1 18.2 World Bank, Mozambique Energy for All ProEnergia Project, https://documents1.worldbank.org/curated/pt/594061554084119829/pdf/Mozambique-Energy-for-All-ProEnergia-Project.pdf
  19. Finscope, ‘Mozambique: Finscope Consumer Survey Report 2019, https://finmark.org.za/system/documents/files/000/000/155/original/Mozambique_Survey-2020-07-311.pdf?1597303567
  20. Green Building Africa, Domestic Connection Fees Abolished in Mozambique, https://www.greenbuildingafrica.co.za/domestic-connection-fees-abolished-in-mozambique/
  21. EDM, ‘EDM Strategy 2018-2020’, https://www.edm.co.mz/sites/default/files/documents/Reports/EDM_STRATEGY_2018_2028.pdf